segunda-feira, 13 de setembro de 2010

megalomaniac


EU me acho o máximo. Não, eu sou, não tenho dúvida disso. Eu sou lindo e poderoso, o que iria querer mais? O mundo eu já tenho em minhas mãos, só que as pessoas - vocês, vermes efêmeros - não sabem disso. Tudo gira em torno da minha pessoa. Eu comecei a suspeitar disso quando era pequeno, em estatura, não no meu máximo poder. Tinha 8 anos e via que todos me apertavam carinhosamente dizendo que eu era a criança mais linda. As pessoas existiam, e ainda existem, apenas para me servir. Todos me traziam doces e brinquedos enquanto as demais crianças ganhavam apenas roupas. Adorava que meus "amiguinhos" pedissem meus brinquedos emprestados apenas para dizer um sonoro não. Era aí que eles pediam por favor e eu com toda benevolência emprestava. Achava aquilo tudo o máximo.

Cresci como qualquer criança e tudo que pedia meus pais me davam. Era tão fácil que não tinha mais graça "brincar" assim. Foi aí que parti para outros campos. Nada nunca era demais. Me entediava rápido com as coisas, até que pedi uma moto para meu pai. Papai passava o dia inteiro fora de casa, sempre chegava cansado e deixava a cargo de minha mãe a função de me dar atenção. Só que minha mãe nunca estava em casa, sempre saía com as amigas para jantas, bailes, eventos sociais etc, e no fim ficava com a governanta, que, diga-se de passagem, era uma anta. E eu aproveitava disso; mandava e desmandava a pobre moça, até que num certo dia ela pulou da janela do banheiro com uma colher de prata dizendo que não aguentava mais. Mente fraca.

Na adolescência foi o despertar de um grande pensador. Frequentava as grandes rodas e todos os olhares eram voltados para a minha ilustríssima pessoa. Todas a garotas e garotos olhavam fixamente para mim, esperando o meu parecer final sobre as coisas. Quem discordasse de mim seria grifado como persona non grata por todos, mesmo os outros não mostrando claramente essa opinião eu sabia que no fundo eles pensavam somente o que eu dizia ser o correto, afinal de contas era eu que pagava as bebidas. Todos viviam (e vivem) ainda apenas para mim. Nada nunca me era o bastante, bancava todas as farras dos meus amigos e sentia prazer por isso, já que eu podia e queria mostrar a inferioridade deles, mesmo eles não tendo conhecimento disso. Era o patrono: das artes, noites, belas companhias etc e nunca tive vergonha de demostrar isso.

Nesse contexto de provedor de informação fui desenvolvendo meu intecto e em certo ponto percebi que toda aquela gente era um atraso em minha vida. EU já estava lá com meus 28 anos e comecei a experimentar novas sensações, novos relacionamentos. Tudo que EU fazia era vanguardista demais e logo me sentia motivado a revolucionar o pensamento com um novo projeto. Mas como impor isso aos demais? Era um grupinho fechado e eu já estava em momentos de euforia seguidos a uma profunda depressão. Me afundei nas drogas, sexo, rock 'n roll e todos aqueles clichês. Viagens de mescalina regado a whiskey durante a tarde, orgias pomposas durante a noite. Meus receptores opióides estavam esgotados. Fazia o que podia e não podia. Até que chegou um ponto em que ninguém mais acreditava no que eu falava, de tudo parecer tão surreal.

Paguei caro por tudo isso, hoje eu percebi que ninguém presta. Mas no dia em que vocês me deixarem sair desse manicômio eu juro que vou dominar o mundo, e aí sim, vão ver como é viver para mim.

1 comentários:

Mariana Ribeiro disse...

Gostei desse, hein...

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