domingo, 26 de setembro de 2010

aqualung, my friend

"Não tenho mapa, não sei quem sou,
Sem copo e com a garrafa na mão, vou para aonde vou"

Nada mais me dá prazer. Acendo um cigarro apenas por acender, não acho mais sabor e sua fumaça não irritam mais meus olhos. Mesma coisa a comida, sempre insípida. Os vagabundos bêbados vagando pelas ruas num barulho totalmente confuso, presos no silêncio de palavras mal ditas pelo passado que não querem lembrar. Roupas sujas e dedos engordurados sempre buscando uma calçada para repousar a cabeça. Insólitas vertigens do alto de uma embriaguez constante. A única luz que ilumina minha vida é a dos faróis dos carros passando.


se Dio esiste, Egli è un ragazzo davvero divertente.


O despertar matutino. Raios de sol que queimam a íris, sempre cansada do excesso da noite passada. Juntar coisas aleatórias pelas vielas sujas, como numa busca incessante por algo que nunca vai achar, mas que está lá esperando. O andarilho despercebido e anônimo, caminhando entre a multidão de rostos sem expressão. Pessoas apressadas, muitas histórias, nenhuma interessante. Mãos calejadas. A cabeça dói, as pernas doem, a alma dói. O poder impotente de levar a vida sem saber quando e/ou que fim ela terá.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

os recalques de sábado a noite


Sou uma pessoa que reclama de muitas coisas mas, apenas por reclamar. Se sou preconceituoso em algum momento não é por crueldade mas, sim porque percebo ser um tema tão ridículo de se comentar que uso o meu melhor humor: o irônico.

Adoro ironia. É algo baixo, vil, rude, e por isso mesmo cabe perfeitamente a ser usado em certas situações em que o óbvio não é notado (ou não?).

Mas dos poucos assuntos em que eu não uso nenhuma ironia ao falar é quando falo de Torres.

Ah, Torres! Por onde começar? São tantas as notas mentais colecionadas nesses 4 quase 5 anos em que fiquei preso na areia movediça. Cada vez que penso naquele lugar fico me perguntando porque esperei tanto tempo para ir embora. Nutro um asco terrível daquele lugar e agora vou dizer o porque. Ao contrário do que as pessoas falam, sim, isso é uma coisa bem pessoal.

Et urbis: Uma bela paisagem jogada as mãos de pessoas gananciosas onde,ao invés de se juntarem e lutar pelo progresso da comunidade, ficam se espezinhando e se metendo na vida alheia. Isso é coisa feia. O comércio só favorece as épocas de veraneio, a prefeitura não reconhece as necessidades da cidade; arruma a cidade apenas em períodos festivos e também no verão. Um dos IPTU's mais caros do litoral e não se vê retorno em benefício da cidade.

O que se vê: A máquina pública sendo administrada pelos mesmo barões de sempre, que cada vez ficam com os bolsos mais "GORDOS" - se me permitem a ironia não tão sutil.

Et societatis: Quando uma pessoa diz que quer prosperar em um ambiente, mas não liga para os demais não é de toda a força que ela é um tanto quanto egocêntrica; Mas também não quer dizer que ela pensa nessa situação se sobrepondo sobre os demais de uma forma mesquinha ou baixa, coisa que ocorre nos pequenos centros.
Todos se conhecem e sabem muito quais suas funções na sociedade, mas na nossa mais bela e anacrônica cidade do litoral gaúcho esse pensamento vai além, já que todos controlam sua vida mesmo não querendo que isso aconteça consigo.
Exemplo: Fato. "B" está tendo um relacionamento extra-conjugal com "A". Fato. Todos comentam que está acontecendo alguma coisa, todos sabem. Boato. A cidade comenta a situação. Conseqüência. Todos sabem menos os indivíduos. Fofoca baixa.
Isso quando as pessoas não criam intempéries de qualquer forma pelo desenvolvimento de gente da comunidade. É só ver aquele blog "Gossip Girl Torres". Não existe mais forma de não apego pela questão indivíduo e sua capacidade de ir e vir sem ter preocupação. É um policiamente constante do outro apenas para espezinhar e trazer benefício próprio. Mesmo que alguns falem que isso é o comportamento de apenas um indivíduo, eu digo que isso é o reflexo claro e deturpado de toda uma situação. Se jovens fazem isso sem com todo um desprendimento pelo próximo como não julgar os adulto, que provavelmente passam esse sentimento como o ideal, e, por analogia, incentivam para a perpetuação desse sentimento.
Quando falam que as pessoas fazem o mesmo em cidade grande e talvez com maior freqüência não discordo, mas então penso da seguinte forma: realmente isso pode acontecer, mas a diferença é que em uma metrópole existem mais pessoas, que se vêem menos e onde a opinião não é tão considerada como em um círculo menor. A opinião pessoal tem maior impacto do que a interna.

Por último, há um tempo atrás fiz uma lista dos locais em Torres e arredores e o seu "tipo específico de freqüentador". A lista está desatualizada, mas refletia o sentimento da época.

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GUIA DA VIDA SOCIAL DE TORRES

" - ...Hum? Que vida, amigo?"

Ahhh, a Cidade de Torres!. Você deve estar pensando nas belas praias cheias daquela areia que entra na sua cueca quando você entra naquele lindo mar marrom-chocolatão, mas saiba que não é só isso que Sim, esse imperdível utilitário para você desbravar a vida social nesta que é, de fato, a mais bela praia gaucha.
Claro que este artigo não foi escrito pela Revista Veja, mas você também não deve acreditar cegamente sobre tudo que está descrito nele.
Deste lugar abandonado pelos porto-alegrenses, infestado de caxienses e aproveitado pelos argentinos que não tem virtù (dinheiro) de ir até Canasvieiras.


Pub da Ilha - Lugar do pagode. Basicamente é isso.
Nivel social: médio, varia conforme o dia.
Musica que toca: Pagode, Dãã!



Bulldog - Local aberto perto da praia onde as pessoas vão relaxar após um dia de surf nos Molhes. Aberto apenas no verão.
Nivel social: médio-alto.
Musica que toca: surf music.



Bora Bora - Antigo Dado Bier, casa de mais tradição na cidade. No verão é visto todo tipo de elemento freqüentando a casa, até existe um certo nível. Durante o inverno total decadência. Lugar onde a Rafa se reúne...
Nivel social: baixo, comem mocotó e arrotam caviar.
Musica que toca: Qualquer uma, ninguém está ligando mesmo.



Bandolo’s - O local alternativo de Torres. Roqueiros e similares se agrupam nas proximidades para beber um whisky do papai e se achar o tal. Bebem muito, brigam e choram, mas ninguém come ninguém.
Nivel social: playboys metidos a punk.
Musica que toca: Roquenrou, cara! Mas se você fala sobre Led Zeppelin perguntam que raça de cachorro é essa.



Seven - Fora da cidade, só vai quem tem carro ou pede carona. Lugar inóspito, ideal para desovar corpos ao longo da praia e do matagal.
Nivel social: médio, mas quem tem um Chevette consegue chegar.
Musica que toca: 1º piso funk das popozudas, 2ª piso um pagode maroto.
Dica extra: existe uma carrocinha de cachorro quente que consegue, por incrível que pareça, fazer com que uma simples iguaria como um cachorro-quente seja digamos... intragável.


Balonismo- A pergunta nunca é “quem vai tocar esse ano no festival?” mas sim “quem vai morrer esse ano no festival?”



Saloon - O nome é bem sugestivo, afinal de contas, é lá que você deve ir se curte azarar tias pistoleiras. Aconselhável pra quem tá na casa dos 30.
Nivel social: Pessoal mais velho bem resolvido e gente da grota.
Musica que toca: 80's, rock, música folk brasileira, vulgo sertanejo. Nesse caso sertanejo-universiotário.



Jaws - Antigo Alemão Nei



Posto Pitt Stop - Se não tem nenhuma opção na noite, venha para o Pitt, tome um pouco de álcool, aspirando vapores de enxofre e ouvindo os ultimos hits de todos os tempos da última semana.
Nivel social: qualquer um que tenha grana pra comprar bebida na loja de convêniencias, que diga-se de passagem, é bem careira.
Musica que toca: Os dos sons dos carros.



Sapo - A diversão da rapazeada, a Tia Carmem do litoral norte. Sacou?
Nivel social - Se tem grana não importa.
Musica que toca - Literalmente, "bate-coxa".



Prainha - Se num domingo de tarde você está em solo torraquêo só existe duas palavras a serem ditas: CHIMAS NA PRAINHA. Se você não tem nenhuma certeza em sua vida tenha essa apenas, lá você encontra todo mundo. Há quem diga que é uma versão torrense da Redenção, uma comparação feita dentro das suas devidas proporções.
Nivel social - Tamo junto e misturado.
Musica que toca - Desde psy até Leandro & Leonardo.



Vosso Pão - Se tal coisa fosse a tarde na prainha, o complemento de pararã seria ir na padaria Vosso Pão. Um fluxo tão grande toma conta da cidade e todos os caminhos levam a comer um folhado de frango com requeijão. Mas é claro que na verdade todo mundo vai mesmo é pra fazer o social.
Nivel social - Qualquer um que tenha dinheiro para o folheado de frango com catupiry.
Musica - O barulho da registradora e das bocas abrindo e fechando.


Existem ainda outro lugares em cidades próximas, mas estes, estão a anos-luz de manter um certo nível ou média de publico por mais do que alguns eventos.


Estes são points de maior expressão da localidade porque, normalmente "forças ocultas" da cidade, como disse outrora Leonel Brizolla, acarretam o fechamento de qualquer novo boteco.


"Torres : A mais bela cidade anacrônica do litoral norte gaúcho."

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

sexta-feira, no cabaret

Um suposto amor é uma das coisas mais estranhas da natureza humana. Ele é a mesma coisa que aquela azeitona na empada: Está ali, mas não tem função nenhuma. Nem encher a barriga.
Mas a questão aqui não é a barriga e sim o coração. Ou não. Coração coisa nenhuma. O problema todo está no cérebro e suas malditas seretoninas e outros hormônios que nos são produzidos quando estamos com "aquela" pessoa por perto. Ou longe.
É uma coisa que todos nós pensamos e fazemos, mas ninguém presta atenção (ou presta) de quando estamos com alguém o que mais gostariamos de fazer é ficar solteiro. A maioria dos meus amigos sempre falam que gostariam de acabar o namoro ou assemelhados quando estão na dita "coleira" e que, quando estão solteiros ficam chorando com a cara enfiada em um prato de guacamole reclamando da merda em que estão.
Sou o único ser que gosta de ficar o tempo inteiro solteiro? Alguém perdido naquele esquema de sacanagem básica que rola sempre entre os descompromissados? Acho que não. Porque eu, como qualquer outro ser, tenho a plena consciência de que isso não é para sempre e, um dia - tomara que esteja bem distante esse dia - eu vou ter que assumir algum compromisso e parar de farrear como qualquer garoto - sim, não quero ser adulto - para entrar em sagrado matrimônio amém.

Sempre gostei de ser solteiro. Conversar, beber, fumar, tudo sem responsabilidade e, de repente, ir para a casa de alguém, beber mais um pouco, começar o agarra-agarra, tirar a cueca, brincar, dormir, acordar cedo, ir embora sem fazer barulho e repetir a dose no dia seguinte.

Se encontrar um amor eterno fosse uma idéia concreta na vida do ser humano nasceríamos grudado em alguém para nunca mais perdermos de vista. Porque a vista cansa, a bebida bate, você perde o óculos, conhece alguém, faz merda, estraga tudo com uma pessoa legal e as coisas se repetem no outro dia. De novo e de novo...

Enquanto isso, na Bat-Caverna, fico me perdendo nos braços de desconhecidos, porque é melhor acordar de manhã, juntar as coisas e sair de mansinho. Assim ninguém sofre.

(...)

Droga, como eu queria estar namorando!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

megalomaniac


EU me acho o máximo. Não, eu sou, não tenho dúvida disso. Eu sou lindo e poderoso, o que iria querer mais? O mundo eu já tenho em minhas mãos, só que as pessoas - vocês, vermes efêmeros - não sabem disso. Tudo gira em torno da minha pessoa. Eu comecei a suspeitar disso quando era pequeno, em estatura, não no meu máximo poder. Tinha 8 anos e via que todos me apertavam carinhosamente dizendo que eu era a criança mais linda. As pessoas existiam, e ainda existem, apenas para me servir. Todos me traziam doces e brinquedos enquanto as demais crianças ganhavam apenas roupas. Adorava que meus "amiguinhos" pedissem meus brinquedos emprestados apenas para dizer um sonoro não. Era aí que eles pediam por favor e eu com toda benevolência emprestava. Achava aquilo tudo o máximo.

Cresci como qualquer criança e tudo que pedia meus pais me davam. Era tão fácil que não tinha mais graça "brincar" assim. Foi aí que parti para outros campos. Nada nunca era demais. Me entediava rápido com as coisas, até que pedi uma moto para meu pai. Papai passava o dia inteiro fora de casa, sempre chegava cansado e deixava a cargo de minha mãe a função de me dar atenção. Só que minha mãe nunca estava em casa, sempre saía com as amigas para jantas, bailes, eventos sociais etc, e no fim ficava com a governanta, que, diga-se de passagem, era uma anta. E eu aproveitava disso; mandava e desmandava a pobre moça, até que num certo dia ela pulou da janela do banheiro com uma colher de prata dizendo que não aguentava mais. Mente fraca.

Na adolescência foi o despertar de um grande pensador. Frequentava as grandes rodas e todos os olhares eram voltados para a minha ilustríssima pessoa. Todas a garotas e garotos olhavam fixamente para mim, esperando o meu parecer final sobre as coisas. Quem discordasse de mim seria grifado como persona non grata por todos, mesmo os outros não mostrando claramente essa opinião eu sabia que no fundo eles pensavam somente o que eu dizia ser o correto, afinal de contas era eu que pagava as bebidas. Todos viviam (e vivem) ainda apenas para mim. Nada nunca me era o bastante, bancava todas as farras dos meus amigos e sentia prazer por isso, já que eu podia e queria mostrar a inferioridade deles, mesmo eles não tendo conhecimento disso. Era o patrono: das artes, noites, belas companhias etc e nunca tive vergonha de demostrar isso.

Nesse contexto de provedor de informação fui desenvolvendo meu intecto e em certo ponto percebi que toda aquela gente era um atraso em minha vida. EU já estava lá com meus 28 anos e comecei a experimentar novas sensações, novos relacionamentos. Tudo que EU fazia era vanguardista demais e logo me sentia motivado a revolucionar o pensamento com um novo projeto. Mas como impor isso aos demais? Era um grupinho fechado e eu já estava em momentos de euforia seguidos a uma profunda depressão. Me afundei nas drogas, sexo, rock 'n roll e todos aqueles clichês. Viagens de mescalina regado a whiskey durante a tarde, orgias pomposas durante a noite. Meus receptores opióides estavam esgotados. Fazia o que podia e não podia. Até que chegou um ponto em que ninguém mais acreditava no que eu falava, de tudo parecer tão surreal.

Paguei caro por tudo isso, hoje eu percebi que ninguém presta. Mas no dia em que vocês me deixarem sair desse manicômio eu juro que vou dominar o mundo, e aí sim, vão ver como é viver para mim.

sábado, 11 de setembro de 2010

QUANDO EU ME LEVANTAR DESSE SOFÁ IREI CONQUISTAR O MUNDO.
só vou esperar os comerciais.