segunda-feira, 12 de julho de 2010



Ele estava sentado tomando um café quando avistou ela caminhando sozinha naquele vento de cortar. Já sabia por amigos próximos quem e qual era o seu nome: Thelema. Fingiu prestar atenção ao seu livro e acompanhou pelo canto do olho ela se aproximar. Tragou o cigarro pelo canto da boca e acendeu outro com o mesmo. Ela passou apressada pelo vidro e se perdeu na multidão em meio àquela tarde cinzenta. Droga. Deveria ter feito algum gesto para chamar a sua atenção, chamado a atendente ou coisa parecida para faze-la notá-lo.

Perdeu o foco no livro. Sua cabeça começou a ferver. Lembrava a todo instante daquela pinta acima de sua boca carnuda.

A expressão de frustração era evidente em seu rosto. Olhou para o vidro e viu a miragem dela olhando fixamente para ele - coisa que só acontece em filmes. Não era miragem. Ela batia no vidro com se quisesse falar com ele. Embasbacado, sem saber o que fazer, apontou a porta do café, convidando-a a entrar. Tragou forte o cigarro, apagou no cinzeiro e tomou um gole de chá.

- Por favor, sente-se!
- Eu só queria um cigarro.
- Ah! Err... Tudo, tudo bem!


A decepção foi óbvia. De imediato ela sentiu-se constrangida com aquilo. Queria remediar aquele mal-estar causado. Pegou o cigarro, acendeu e deu uma longa baforada.

- Que livro é esse?
- Você não queria só um cigarro? - Perguntou ele, já irritado.
- Sim sim, eu já estou indo...
- Não! Espere! Desculpe, não quis ser rude com você. - Disse também percebendo o que tinha falado.

Merda. Eu queria que ela viesse falar comigo, daí quando tá aqui eu enxoto ela para sair. O que há de errado comigo?


(...)


- Não é nada importante, são só alguns poemas baratos.
- Adoro poemas. Posso dar uma olhada?

Ele só ofereceu, dando os ombros.


Eles nunca haviam se falado antes, sabiam quem eram mas sempre se evitavam. Qual era o problema deles? Medo? Ódio? Que fosse amor...

1 comentários:

Mariana Ribeiro disse...

AWN, CAÍNHO! Adorei :)

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